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quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Espinossauro



Nome científico: Spinosaurus Aegyptiacus, S. marocannus.
Significado do Nome: Lagarto Espinho Egípcio e Lagarto Espinho do Marroco.
Tamanho: 12 a 18 metros de comprimento e 5,5 a 6 metros de altura aproximadamente.
Alimentação: Carnívora.
Peso: 7 a 20 toneladas aproximadamente.
Viveu: África.
Período: Cretáceo inferior e superior.

Veja onde viveu o mais longo dos terópodes!
© Mapa da NASA/Visible Earth
Adaptação por Patrick Król Padilha
Veja quando viveu o Spinosaurus!
© Patrick Król Padilha!

Fósseis e características

O Espinossauro é famoso mas pouco se tem de material fóssil de tal predador, sendo que há 6 esqueletos parciais principais. Vemos a eles.

BSP 1912 VIII 19: este foi descoberto por Richard Markgraf em 1912 e descrito por Ernst Stromer em 1915. Originário da Formação Bahariya, tornou-se o holótipo com a criação do gênero e espécie. O material consistia do seguintes pedaços, a maioria incompletos:
  • Partes da maxila
  • Partes da mandíbula com 75 cm de comprimento
  • 20 dentes
  • 2 vértebras cervicais
  • 7 vértebras dorsais
  • 3 vértebras sacrais
  • 1 vértebra caudal
  • 4 Costelas
  • Elementos da gastrália
Das nove espinhas neurais (que formam a vela) a mais longa, associada com uma vértebra dorsal, tinha 1,65 metros. Stromer afirmou que o espécime viveu no Cenomaniano, cerca de 97 milhões de ano. Esse espécime foi destruído na 2ª Guerra Mundial, especificamente na noite de 24 para 25 de abril de 1944, quando um bombardeio britânico acertou Munique. O ataque prejudicou severamente os prédios da Paläontologische Staatssammlung München (Coleção de Paleontologia do Estado Bavário). No entanto, desenhos detalhados e descrições dos espécimes permanecem. O filho de Stromer doou os arquivos de seu pai para o Paläontologische Staatssammlung München em 1995 e Smith et al. analizou duas fotografias do holótipo descobertas no arquivo em 2000. Com base nas fotos da mandíbula inferior e uma foto do espécime todo montado, Smith concluiu que o desenho original era levemente incorreto. Em 2003, Oliver Rauhut sugeriu que o Spinosaurus de Stromer era uma quimera, composto de vértebras e espinhas neurais de um carcarodontossaurídeo parecido ao Acrocantossauro e dentes de Barionix ou Suchomimus. Essa análise foi rejeitada.
Ilustração do 1º esqueleto: partes encontradas estão mais escuras
© Ernst Stromer
NMC 50791: mantido no Museu da Natureza Canadense, é uma vértebra cervival que tem 19,5 centímetros de comprimento das jazidas Kem Kem - Marroco. É o holótipo do S. maroccanustendo sido descrevido por Dale Russel em 1996. Outros espécimes referidos ao S. maroccanus no mesmo artigo eram duas outras vértebras cervicais (NMC 41768 and NMC 50790), um fragmento dentário anterior (NMC 50832), um fragmento dentário do meio (NMC 50833) e um arco neural dorsal anterior (NMC 50813). Russel afirmou que "somente informação geral sobre localidade poderia ser fornecida" para o espécime e portanto poderia ser datado apenas como possivelmente originário do Albiano. Vale ressaltar que, enquanto muitos aceitem a validade de S. maroccanus, grande parte da comunidade científica o classifica como sinônimo júnior de S. aegypticaus ou até nomen dubium.
MNHN SAM 124: pertence ao Museu Nacional de História Natural de Paris. É um focinho composto de premaxila parcial, maxila parcial, vômer e fragmentos dentários. Foi descrito por Taquet e Russell em 1998, media 13,4 a 13,6 centímetros de largura, porém não foi divulgado o comprimento do fóssil. Encontrado na Algéria seria da época Albiana. Taquet e Russell acreditavam que o espécime assim como um fragmento de premaxila (SAM 125), duas vértebras cervicais (SAM 126-127) e um arco neural dorsal (SAM 128) pertenciam a S. maroccanus.
MNHN SAM 124© FunkMonk

BM231: localizado na coleção do Instituto Nacional de Minas, Tunis, foi descrito por Buffetaut e Ouaja em 2002. Consiste de um fragmento dentário anterior de 11,5 centímetros de comprimento do Albiano inferior, da Formação Chenini - Tunísia. O fragmento dentário, que incluía quatro alvéolos e dois dentes parciais, era supostamente similar ao material de S. aegyptiacus.
UCPC-2: mantido na Coleção Paleontólica da Universidade de Chicago, consiste principalmente de dois ossos nasais estreitos conectados com uma crista sem crânio que seria localizada entre os olhos. O espécime que tem 18 centímetros de comprimento, foi localizado em rochas do início do Cenomaniano, parte das jazidas Kem Kem do Marrocos, em 1996. Foram descritas em 2005 por Cristiano Dal Sasso e colegas, do Museu Cívico de História Natural de Milão. Simone Maganuco, segundo autor de Dal Sasso et al. (2005)
MSNM V4047: Este fóssil está no Museu de História Natural de Milão e foi descrito por Dal Sasso e colegas em 2005. Composto de focinho com premaxila parcial e ossos nasais parciais totalizando 98,8 centímetros de comprimento é proveniente das jazidas Kem Kem. Assim como UCPC-2, imagina-se ter vindo do Cenomaniano.
MSNM V4047© GhedoSimone Maganuco segurando o fóssil MSNM V4047
© Simone Maganuco

Além destes fósseis, outros fragmentos e dentes foram descritos ou mencionados, originados de diversas partes da África. No entanto tais fósseis são demasiadamente inconclusivos para poder com segurança inseri-los em uma espécie ou criar uma nova. A título de curiosidade, a classificação do Espinossauro é a seguinte: Animalia >Chordata > Reptilia > Dinosauria > Saurischia > Theropoda >Megalosauroidea > Spinosauridae > Spinosaurinae >Spinosaurus.

Aparência e comportamento
Essas poucas peças fósseis forneceram aos paleontólogos informações suficientes sobre o animal, sendo que as vértebras dorsais chamaram mais atenção, pois eram diferentes das dos outros terópodes. As longas vérebras com suas espinhas neurais alongadas levaram Stromer a escolher o nome Spinosaurus, vindo do latim, significa "Lagarto espinho", sendo que as várias vértebras alongadas eram dispostas verticalmente sobre o dorso e recobertas de pele formando uma espécie de "vela" ou "barbatana". Os dentes encontrados, 20 no total, eram lisos, cônicos e não possuíam serras como nos tiranossaurídeos ou carcarodontossaurídeos, além de serem mais finos e arredondados, algo incomum em um dinossauro predador.

O crânio possuía uma crista alta e fina entre os olhos bem no meio do crânio e uma espécie de abertura ou concavidade próximo à ponta da boca, sendo que na frente havia 6 a 7 dentes de cada lado, e depois dessa concavidade haviam em média 12 dentes, sendo que o segundo e terceiro dentes de cada lado eram especialmente grandes. Esse tipo de dentição levou os pesquisadores a imaginar que em vez de matar presas grandes ele comesse peixes, assim não necessitando de dentes serrilhados para rasgar carne. Esses dentes pertenciam à mandíbula também diferenciada, fina, estreita nas laterais e alongada, deixando o Spinosaurus com cara de crocodilo, mais uma característica indicando hábitos piscívoros.
© Todd Marshall

Basicamente o Spinosaurus foi o maior predador terrestre já registrado, com seus aproximados 18 metros de comprimento era maior que o afamado rei dos dinossauros, o Tiranossauro rex e também maior que o Carcharodontosaurus saharicus e de comprimento superior ao do terror sul americano,Giganotosaurus carolinii. O pesquisador Dal Sasso (2005) comparou o tamanho do Espinossauro com o do Suchomimus, usando-o como modelo para o corpo do parente maior e sua estimativa chegou a 18 metros de comprimento e 11 a 16 toneladas, por isso muitos questionam tais medidas.
Por outro lado, em 2007 François Therrien e Donald Henderson recalcularam as medidas do dino, diminuindo seu comprimento para 12 a 14 metros e seu peso sendo, por sua vez, aumentado, para 12 a 20 toneladas. Mas devido terem usado tiranossaurídeos e outros carnossauros como base para seu estudo, muita credibilidade foi perdida, pois tais dinossauros tem proporções diferentes de espinossaurídeos.
Comparação entre maiores terópodes© Matt Martyniuk
Seu crânio é um dos mais longos, segundo Dal Sasso et al. (2005) media provavelmente cerca de 1,75 metros, do focinho até a base do crânio, o que seria uma bocarra imensa que o permitia abocanhar enormes peixes. No entanto essa medida é questionável devido à variação de forma entre crânios de diferentes espécies de espinossaurídeos. Supoem-se que a parte de trás da cabeça do Espinossauro era parecida com a doIrritator. Conviveu com grandes saurópodes como Paralititan eAegyptosaurus e também com o Carcharodontosaurus, outro enorme predador do cretáceo superior. Deltadromeus eBahariasaurus, que podem inclusive ser sinônimos, também viviam no mesmo ambiente, assim como o crocodiloStomatosuchus e o Celacanto Mawsonia, possível presa do terópode. Onde hoje é o Egito, seria uma área costeira no Cenomaniano, com manguezais onde o Espinossauro poderia pescar, com entremarés alagando a região.
Espinossauros brigam por peixe
© Dinoraul

Não há evidência direta de que presas o Espinossauro comia, mas imagina-se que tal espécie fosse muito oportunista, variando a dieta conforme a disponibilidade de tipos alimentares. Se havia mais fartura de peixes, comia peixes, se havia uma carcaça de dinossauro em seu caminho, aproveitaria e se precisasse caçar animais terrestres quando com fome, o faria. Dentes de espinossaurídeos foram achados empterossauros aqui no Brasil e na Inglaterra foram achados restos de peixes e ossos de Iguanodon no estômago do Barionix, o que indica que espinossauros deveriam comer um pouco de tudo.
Oportunista não dispensa carcaças
©
 Todd Marshall 

Estudos com tomografia computadorizada revelaram espaços no crânio do Espinossauro que supostamente abrigariam órgãos sensíveis à pressão, usados para sentir presas debaixo da água sem mesmo vê-las. As narinas situadas mais próximas dos olhos indicam que frequentemente mantinha a cabeça na água e análises de isótopos nos dentes de espinossaurídeos indicaram que viviam boa parte da vida na água, como crocodilos, alternando entre terra firme e ambiente aquático.
Spinosaurus nadando
© Felipes Alves Elias
Vértebras alongadas
As vértebras do Espinossauro até hoje são um mistério em relação à sua utilização, pois elas não eram tão finas porém deveriam ser frágeis e poderiam em vez de ser recobertas apenas por pele, sustentar carne grossa ou gordura como em Camelos, formando uma corcova. Essa estrutura poderia ter várias funções, sendo que as mais lógicas são a dissipação de calor ou a captação desse mesmo para o corpo dependendo da posição em relação ao sol. Poderia ser um elemento usado para intimidar rivais aumentando seu tamanho já bem avantajado ou servir como enfeite para exibição em época de acasalamento, sendo que nesse caso poderia ser colorida ou mudar de cor. Pode ser que houvesse uma diferença de tamanho ou formato da vela do macho para a fêmea, mas isso só poderia ser comprovado por novas descobertas.
O espinossauro geralmente é retratado como sendo bípede, porém na década de 1970 era comumente mostrado apoiado em todas as quatro patas, o que foi supostamente apoiado pela descoberta dos fósseis do Baryonyx, que tinha braços mais reforçados. No entanto, as mãos dos Terópodes não podiam ser apoiadas viradas para trás, pois as palmas ficavam viradas em direção uma da outra. No entanto acredita-se que ocasionalmente os espinossaurídeos apoiassem-se nas patas dianteiras para descansar, geralmente enquanto sentados, assim apoiando o lado da mão no chão e não a palma em si.
Spinosaurus em pose quadrúpede
© TopGon
© Rodrigo Vega
Espinossauro sentado com as mãos apoiadas no chão
© Matteo Bacchin
Fama
O Espinossauro há muito tempo vem sendo estudado e inserido entre os maiores terópodes, mas isso só veio a público quando foi retratado em Jurassic Park 3 (2001) com 18 metros de comprimento. No longa o Espinossauro vence uma luta contra o T.rex, tido por muitos como rei dos dinossauros, o que fez com que o Rex ganhasse um rival na popularidade. No entanto, precisamos lembrar que apesar de maior, seria improvável que o Espinossauro viesse a ganhar a luta da maneira mostrada no filme, afinal, suas mandíbulas mais finas não teriam força para segurar um T.rex. Na verdade estes dois dinos nunca se encontraram, viviam em locais e tempos diferentes.
Espinossauro de Jurassic Park 3
© Universal Pictures
Também aparece freqüentemente em livros e miniaturas colecionáveis, como action figures, revistas de coleção entre outros meios de mídia. O documentário "Criaturas Titânicas" mostrou um episódio sobre o Espinossauro, mas muitos erros foram cometidos. Confira mais sobre este documentário clicando aqui.
Spinosaurus de Criaturas Titânicas
© Discovery Channel

Ainda temos muito a aprender sobre o Espinossauro e as descobertas que o futuro nos reserva são imprevisíveis. Mas se fósseis como o da foto abaixo, estão em coleções particulares, pode ser que um dia venham a cair em algum museu e ajudem-nos a compreender melhor estes fascinantes animais.
Espinossauro: espécime de 8 metros em coleção particular
© Archaeodontosaurus© Sérgio Pérez





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